A porta chiou forte. Um som garrido e agudo que me fez estremecer. Eras tu abrir a porta da rua, ias-te embora. Parecias sereno, convencido de que não era nada de mais. Só te ias embora. Só te ias embora e me deixavas cá. Fui devagar a teu encontro, mas deixei entre nós um certo espaço. Uma distancia de segurança. Eu não sabia se haveria de fugir ou se correr para os teus braços. Estavas muito agasalhado, de mala na mão e a outra vazia. Fria, como estão sempre as tuas mãos no inverno. Queria abraçar-te, suplicar que não fosses. Mas sabes tão bem quanto eu, que não sou dessas coisas. Que não sou de me expor dessa maneira tão dramática. Poderei estar a morrer por dentro, mas nunca se verá uma lágrima cá fora. Mas tu conheces-me... E o problema é exactamente esse. Sabes que mesmo sorrindo e te deseje uma boa viagem, aquilo que mais quero no mundo é que não partas. Porque um dia sem ti, é um dia sem sol. Disseste-me que não ficasse triste, que não era assim tanto tempo. Deste um passo para a frente, tento alcançar-me, e eu recuei. Não tinha certeza se queria mesmo "despedir-me". Mesmo assim sorris-te para mim e viraste-te de costas para mim, pronto a sair por aquela porta. Agarrei na tua mão fria, beijei-a e encostei-a ao meu peito bem junto ao coração. Disse-te que era só teu e que, acima de tudo, iria sempre estar à tua espera.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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1 comentário:
nunca gostamos de despedidas mas também não podemos deixar quem gostamos ir embora sem um último abraço, um último conforto. e esperamos sempre :)
bonito *
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