A solidão é um mal tremendo. Porque ela nasce dentro de nós, porque somos nós que a fazemos com as nossas acções. Eu afastei o céu e o mundo, pelo coração. Julguei que, tendo todo o coração do mundo, não precisaria mais do céu e do mundo. E realmente não precisei durante muito tempo. Mas agora sinto a falta de tudo. Porque não há mundo, não há céu e nem sempre há coração. Há solidão. Há a ausência por mais estranho que isto soe. E eu não consigo viver sozinha. Porque já resguardo demasiado para mim tendo o mundo, o céu e o coração quanto mais quando não tenho nada e eu própria transformo-me numa bola de neve. Porque tudo está em mim, e eu enlouqueço. Faço de tesouro, de mapa e de pirata. Tudo numa só pessoa. Tudo apenas em mim. E eu não consigo. Não consigo estar só porque enlouqueço. Porque estar só tira-me a capacidade de conquistar não só o que me falta como aquilo que nem imagino. Estar só, como me sinto hoje e nos últimos todos, tira-me a ânsia de racicionar - e por isso choro. Choro porque tenho em mim guardadas todas as frustrações do mundo: as minhas, as que oiço dos outros, as que imagino e as que anseio. Mas não as solto, nem com o coração que nem sempre me escuta, nem como céu que já não me pertence. Estão cravadas em mim como espinhos da rosa. E doem tanto ou mais. Furam tanto ou mais que a pele não se restaura mais.
sábado, 3 de dezembro de 2011
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1 comentário:
Tens uma forma de escrever brilhante. Aliás, tu és brilhante.
Aprecio o facto de escreves para ti, só porque sabes que te faz bem. Por muito normal que possa parecer hoje em dia é raro.
Sou tua seguidora desde que entrei neste mundo (2009) e sinto orgulho nisso cada vez que me deleito com as tuas palavras.
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