sábado, 28 de março de 2009

por onde andas?

Dita-me as coordenadas que num instante te encontro perdido (de mim) nas latitudes e longitudes do mapa-vida que teima em nos distanciar. Dá-me somente uma letra, que pesquisas mil farei para encontrar o nome da rua inconstante em que te encontras, sentado ou recostado, à espera que chegue até ti. Apresenta-me a dita formula das barreiras por saltar, que logo farei os cálculos matemáticos certos que me darão a percentagem dos cem por cento que te irei buscar em seguida, e o mundo completo focará os olhos poluídos no nosso enlace de dedos compridos em mãos ágeis. Desenha no papel de parede desgastado, uma recta - torta ou direita - consoante o teu estado de espírito; rapidamente partirei à descoberta da maneira ideal de alterar e demonstrar que ainda sou eu quem te dá motivos sóbrios para acordares todas as manhãs. Seja a veres-me fundo a fundo ou por via sms saberes que ainda te quero, de igual ou mais forte forma, como te quis a uns anos atrás.

sexta-feira, 27 de março de 2009

aparências.

"Quem olha para ti, não diz que escreves como escreves."


bem sei, e o curioso está exactamente aí.

Meme "Muito mais de você"

Recebi este desafio/meme de Retalhos e tem o objectivo de darmos-nos a conhecer melhor a quem nos lê. Ora as perguntas sobre o blog:

. Quando e porquê resolveu criar o blog?
Este blog surgiu a 29 de Setembro de 2008, sendo o meu 2º blog. Anteriormente tive um blog durante quase três anos - o "Blog meu" - que por determinados motivos fechei, mas a saudade da postagem dos meus textos publicamente surgiu e interiormente fui levada a criar o D'um Detalhe. Tudo isto devido à minha extrema incapacidade de ler em voz alta para alguém o que escrevo, assim é acessível a quem quer, e não estou sob pressões ou nervosismos.

. Depois de o blog ter entrado no ar, o que lhe dá mais satisfação nele?
As sensações que me borbulham cá dentro cada vez que escrevo. O prazer e amor à escrita que desde pequena produzo.

. Quais os assuntos que mais gosta de postar?
Tudo o que escrevo tem por mais mínima que seja uma intervenção pessoal, accional ou pensamento. Mas também há que referir que à situações escritas cujas quais não se passaram directamente comigo, mas sim sonhos ou historias de pessoas a minha volta.

. Porque deu este nome ao seu blog?
O nome D'um detalhe deveu-se a como disse no 1º post deste blog «Escrever é detalhar o que temos ou gostaríamos de ter ... escrever a partir de um detalhe aquilo que aprendo com a minha própria experiência e até onde os rios da minha imaginação me levarem. Escrever é amor, é fome de mais.»

. Como a Mafalda se define?
Com muito para aprender, mas também com muito para ensinar.

. Já teve algum problema com comentários?
Não, até hoje não. Aliás, pelo contrario. Foi inclusive por meio de comentários que vim a saber da existência de uma certa pessoa (:

. Algum blogueiro(a) que admire?
Embora todos tenham suas maneiras próprias e intimas de escrever e se expressar que tanto gosto de ler e me perco nos seus blogs. Há um recente blogueiro que me tem fascinado tanto com a sua escrita. Que é o meu João Lamas, claro. E um ex-blogueiro, o meu Diogo. Por possuírem criatividade escrita de me deixar pasmada.

Perguntas sobre a autora:

Nome Mafalda Henriques Macedo
Onde mora Lisboa
Comprometida(o) não
Um mês Junho
Um ano 2008 (tanta coisa mudou)
Uma estação Verão
Uma flor Tulipa
Uma matéria Arte
Um passatempo Fotografia
Um desporto Arco e flecha, dança
Um herói Mozart
Um filme Amadeus Mozart - o filme
Uma musica A "minha"
Um programa Só FashionTv
Uma mania Desarrumação
Uma profissão Manequim
Uma coisa importante Felicidade
Um sonho Um futuro igual ao que tanto sonho
Um amor O meu melhor amigo - Miguel.
Uma paixão Melhores amigos
Um desejo A felicidade deles e da minha família
Adoro abraços
Odeio discussões
Amigos alguns, e tão maravilhosos.
Um lugar O "sitio do costume" ...
Uma cidade Milão, talvez.
Uma peça de roupa Tudo, nenhuma em particular
Um defeito Sonhar muito e fazer pouco.
Uma virtude compreensão.
Um doce Chocolate
Uma frase «nunca te vou deixar»

Passo o meme aos blogs:
- Pensamentos rascunhados.
- Pens'arte
- That love

quinta-feira, 26 de março de 2009

íntimo.

Quero tanto o amanha, o hoje inicia o desgaste. É restos da única refeição do dia do pobre; nada. Quero um futuro arrojado, sendo eu ditadora de minhas próprias leis e desejos concretizados. Quero o final de tarde de daqui a uns anos, da febril sensação encantadora de realização pessoal e sucesso ganho por mérito. Necessito da visualização do meu rosto estampado nas revistas de moda e anúncios publicitários à minha própria linha de produtos. Tenho desejo, sede inconsolável das minhas próprias galerias de arte fotográfica na Baixa lisboeta, em ruas do Rossio ou nos armazéns do Chiado. Rogo pragas ao tempo que não se adianta. Tenho medo de crescer, mas o impasse e cansaço do hoje é tão grande que o medo evapora, transformando-se em sonhos que sei possíveis mas estão em localizações dispersas ao longo do tempo.

terça-feira, 24 de março de 2009

"Dor de cabeça"

É uma dor de cabeça tal, que moí o conteúdo das conexões das células nervosas, estraga as membranas e películas alusíveis do raciocínio e corroí as ramificações da memoria sempre a desenvolver. É "a" dor de cabeça. A frequente batida ritmada e selvaticamente pesada no interior da cabeça, uma pura perfuração da massa cerebral e semente de anomalias crónicas inquestionáveis e perigosas. Caiu-me nas mãos o pergaminho dos tempos egípcios, em que atesta ser esta a tal dor de cabeça, a de estadia duradoura, e as quantas muitas probabilidades são de vir a causar mais dor, ganhar mais peso e forma (disforme). Dor neurótica insuportável esta, que parece cortar com laminas afiadas os filamentos e entranha com solidariedade o veneno final na medula espinhal. Impossibilita as mensagens e ardores de sabedoria adquirida de deslizarem por entre os seus canais até ao órgão pretendido, até a boca coberta pelo denso pano de material rasca. Impossibilitada de gritar e barafustar a sua permanente e actual dor de cabeça. - um vazio

segunda-feira, 23 de março de 2009

lovers.

Três diferentes vidas me destinadas
Foram três caminhos bem traçados
Fascinados pelo invulgar
Três vincados trilhos complicados.

Cada um ao seu ritmo
Cada um à sua velocidade e força
Todos saborosamente tocantes,
Todos particularmente apaixonantes.

Três inícios imprevisíveis
Três fins chorados
Três lições com erros e enganos
Três sumários educativos e (ainda) amados.

sábado, 21 de março de 2009

e ao chegar da ida sem volta?

Pergunto vezes esquecidas aos maços de cigarros vazios, como será a tua vida assim que eu partir. Como e quem ocupara o meu lugar quente da presença permanente do corpo e da alma abstractos. Que estrutura tomará o relatório final dos dias - dias sem mim. Qual a amplitude exacta da ausência de momentos e horas giratórias lacrimejadas pela minha fala que dá cor à neblina bissexual da atmosfera intima.

- e achas que vale a pena (...) ?
- eu não desisto de ninguém.

sexta-feira, 20 de março de 2009

assunto(s).

O tema agora são as distancias. São os trilhos traçados ou por atravessar dos contos de fadas sem fadas. O motivo agora tem outras moralidades, éticas e ideais. O motivo agora é ausência, é a solidão que se tornou um pecado mortal. E se assim é, abram os portões empoeirados que já estou de chegada ao inferno. Já consigo sentir ao de longe os teus passos ágeis enquanto caminhas sobre os terrenos baldios, ou nas superfícies alcatroadas. São os passos em que raras foram as vezes, fizeram de companhia ideal aos meus passos traquinas e irreverentes. O titulo da historia tornou-se em saudade, reflectindo todas aquelas batalhas perdidas que o mundo sozinho e esquecido meteu ao lume e me entregou em mãos como uma missão. E foi a escrever o titulo que vi a lua chorar, vi que o mundo era gelo a meio da noite, que a neblina fazia furor ao aproximar dos cemitérios cheios... cheios do melhor e pior que já fez oxigénio no mundo. Daqui para a frente só pior, só mais gritos e solidão na circulação alcoólica dos abandonados e rejeitados. Senhores de leitos mal agasalhados de demonstrações de afecto singelas e sinceras, nascidos ao relento das manhãs de outono para inverno. Escrevi de mãos trémulas e dormentes o fim, e a trovoada soltou-se no céu límpido e pronto para finalmente dormir. Praguejou palavras amaldiçoadas à existência de sentimentos bons, dando-lhes resumos de valores reais e não fictícios como os sonhos que outrora faziam fechados estes meus olhos que agora têm medo de acreditar que amanha será um outro dia, um dia melhor.

quinta-feira, 19 de março de 2009

D'um detalhe continua a ofereçer...

O prémio "Comprovado! Seu blog tem néctar" para:
- Piece of glass
- Mãos no fogo
- Melodias do coração

O prémio "Somos mulheres bem resolvidas" a:
- Pinky Blog ^^
- ISSEKIERA
Este selo-prémio tem as seguintes regras: "Citar uma frase, titulo, historia sobre os seguintes seis temas: vida, cinema, literatura, viagem, amor e sexo. Ofereçer e convidar blogs que você realmente acha femininos e inteligentes. (entre outras regras que infelizmente não vou cumprir)"
Para Vida deixo uma frase de Confúcio «Os Homens (...) vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido»; para Cinema o nome de um dos melhores filmes que já vi «Amadeus Mozart - o filme»; para Literatura o meu livro (até hoje) preferido «Um sonho de amor» de Nora Roberts; para Amor uma frase de Platão «O amor é uma grave doença mental»; para sexo uma piada: «Um índio queria casar-se com uma índia. O pai da índia, não contente com o futuro genro disse para o índio: tu para casar com minha filha ter de ter pilinha com 2 metros. o índio responde: não problema, índio corta!»

E ofereço a: Crazy, Um chocolate à chuva, 'Por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é mais funda que a tua (...)'.

O prémio "Esse blog é de qualidade" para:
- Expressividades
- Cheirinho a café
- «3
- Como uma apostrofe.
- Retalhos
Parabéns!
MafaldaMacedo
(a autora)

(os 17 do Pedro)

és, e nunca mudará, o meu parceiro. és o meu companheiro de gargalhadas, gozações e anedotas soltas ao longo do período matinal. contigo construo todos os dias novos castelos de cartas divertidos, tendas de circo para nos entreter. é a ti que risco os cadernos desorganizados sem dó nem piedade, e quem me dá beijinhos quando te digo Bom dia. aquele que adormece ao meu lado a meio de uma aula e eu projecto pedacinhos de papel para as orelhas. és quem violentamente finjo despir quando me trazes aquela camisa adorável e com quem me escondo quando os professores estão a escolher alguém para responder ás perguntas inesperadas e complicadas. és o meu paparazzi privado, já que ao final do dia tens sempre uma ou duas fotografias minhas que me tiras-te ás escondidas, e eu a tua ídola de caretas humoristicamente idiotas que nos fazem rir e não parar de brincar. esquece esses ciúmes que volta e meia te fazem abandonar-me dramaticamente nas aulas! seremos sempre os melhores aliados no crime do mau comportamento e olhares cúmplices quando alguém interrompe todos estes nossos simples e inocentes momentos tão bons.

quarta-feira, 18 de março de 2009

eu não consigo ir ter contigo.

estou cansada, farta, esgotada, estafada... cheia (de ar ou de conteúdo?)
presa nesta visão turva que não muda
agarrada a impossibilidade de te ver mais perto, mais dias...

estás por detrás do por-do-sol
atrás da parede, do muro de Berlim e da muralha da china.
estás atrás... consegues atravessar o denso mar?

tentativas. ainda te lembras de quantas?
(ou já perdes-te a conta?)
eu já, perdi-me lá para as centésimas... irónico, não?
esta distancia longa, e embora a força de vontade
é impossível. não sinto a tua mão diariamente

repito: força de vontade, distancia
ganha a distancia ... porquê?
é ridículo, distancia é físico. força de vontade é sentimento.
é amor, é bolha de sonho de saltar o maldito sol que nos distancia.

o sol que morra, que se faça uma porta na parede, o muro de Berlim
e a forte muralha da china que vão abaixo duma só vez.
quero-te a ti, necessito a tua presença e dessa mão
(que parece ter sido feita para encaixar na minha)

falta serem quebrados e apagados das carta de amor estes kilometros
porque tu pertences-me. e única e exclusivamente te amo a ti.

terça-feira, 17 de março de 2009

autoria de Filipa Maia.

Superfície azul do céu, asas em curva de dores, Fernão Capelo levanta e voa, porque voar é importante, mais que comer e viver. Caro é pensar diferente, viver em infinitos, voar dias inteiros só aprendendo a voar. Gaivota que se preza tem de sentir as estrelas, analisar paraísos, conquistar múltiplos espaços. Gaivota que se preza precisa buscar perfeição. Importante é olhar de frente, em uma, em dez, cem mil vidas. Para Fernão nada é limite: voa, treina, aprende, paira sobre o comum do viver. Se o destino é o infinito, o caminho é nas alturas.

segunda-feira, 16 de março de 2009

(os 17 da Sara)

és carnaval, festa clandestina, animação e confusão. és sorriso estampado no rosto do palhaço pobre - o mais contagiante que mundo e arredores avistou vez alguma por telescópio enfeitiçado. simplesmente paixão transbordante no coração palpitador de novas emoções, aprenderes e futuridades nos sonhos crescidos e infantis também. minha princesa de vestido rodado e sapatilhas cintilantes, colocaste em mim a mais especial das tiaras quando demos um pouco de nós uma a outra, e gritamos de mãos sempre dadas, que esta amizade será para durar o tempo que o sol permitir (um sempre).

sábado, 14 de março de 2009

coragem.

Eu sabia que seria mais uma desilusão. Mais um desapontamento para os meus amigos, conhecidos, inimigos e até desconhecidos. Sabia que seria um decepção para um dos meus melhores amigos que tanto me apoiou neste assunto, sabia que seria o atestado de óbito oficial ao meu ex-namorado que num canto desconfortável estava sentado, sabia que seria uma pontada no coração e no orgulho daquele rapaz que há dois anos tem um amor enorme por mim, sabia que seria uma sobremesa perfeita para a amiga da minha amiga que tanto me odeia - e assim sim, me poderia chamar puta como chama, mas com motivos. Sabia que segunda-feira, ao entrar no liceu, o murmúrio seria a banda sonora do inicio da semana e das semanas seguintes também (até o assunto pelo caminho morrer), que os olhos desdenhosos seriam triplicados e as opiniões indiferentes á minha pessoa se tornariam cruéis e precipitadas. Na minha turma seria metida de parte, e o meu colega de mesa que tanto lhe gosto e ele a mim reduziria - mesmo assim - as vezes a falar comigo, e as brincadeiras seriam cortadas. Sabia que uma amiga cuja moral é nula viria ter comigo perguntar o que foi aquele "teatro" todo, e afirmar aos meus olhos que «tu não és assim». Que uma certa namorada entraria em desespero, e que por uma vez ocasional me deu um sorriso, agora me "mataria" pelos seus olhos frios e enraivecidos de ódio e traição. Sabia que seria uma acção que ninguém esperava, e a consideração e admiração de alguns por mim desceria a pique nos seus pequenos gráficos sociais, sabia que o espaço ficaria em silêncio ao ver a cena e a música que não iria parar tornava-se muda aos ouvidos adormecidos para que o único sentido corporal importante fosse a visão; somente para contemplar a imagem. Eu sabia ... sabia porque é tudo um poço sem fundo de situações e pessoas á minha volta previsíveis, muitas que adoro incondicionalmente, mas previsíveis. Sabia tudo isto e muito mais, que estava a ser invejosa (?) até, mas fiz-lo. Arranquei-te do meio da multidão puxando-te pela mão suada de tanto dançares e parei ao aproximar das escadas míseras. Respirei fundo, e tu, que insistentemente me perguntavas o que é que eu ia fazer, calaste-te e só olhas-te para essas mesmas escadas. E juntos subimos para o palco, e exactamente no seu centro puxei-te para mim e beijei-te como á dolorosos meses não fazia. E com isto afirmei perante todos o meu maior segredo. Que estava apaixonada pelo rapaz comprometido com quem estive durante um mês e meio ás escondidas. Aquele que me usou, enganou e depois me mandou fora sem uma justificação na algibeira.
Porque ele pode ter-me feito um mal enorme, pode suportar de bom grado todos os defeitos possíveis e imaginários nos ombros... Mas a verdade está nua; o amor não escolhe ...

sexta-feira, 13 de março de 2009

(os 17 do Diogo)

és partícula essencial do meu espaço lunático e real. foste o segundo cavaleiro do meu fairy tale, portador da paz ás almas vibratórias das tosses convulsas da vida sofredora. suportas uma aura por pintar, um olhar a escurecer e um coração do tamanho do mundo, capaz de o mudar e torna-lo potável. nasceste no leito da negação, mas sempre encontrei garra escondida nos poros dessa tua pele de rapaz. és componente químico principal na tabela das formulas e rascunhos de cientista guerreiro. Passaram-se dois anos desde que nos conhecemos, e tanta coisa se passou... mas há algo que nunca mudou. Para mim, continuas com os quinze aninhos com que te conheci e serás sempre o meu ídolo de teorias fabulosas e experientes no bolso, prontas a serem projectadas simpaticamente cá para fora quando uma lágrima é o rosto do meu dia.

quarta-feira, 11 de março de 2009

erro (?)

as tuas palavras malignas corroem-me o interior. farejam cuidadosamente e "apalpam terreno" no coração crescidinho. quando achado o ponto transparente - aquele das marés de sensibilidade, que por ser quase-hábito foi debotando a cor até desaparecer - logo perfura. como uma metálica estaca negra de pura magoa. que foi ensinada desde a sua criação, de que a sua primeira vez de metal contra carne vermelha fosse a mais potente, a mais dolorosa e marcante. digna desse mesmo seu título "primeira vez". foi uma primeira das muitas que se irão seguir: sempre com a ambição de expandir a revolta e a dor que a tristeza nela provocou. Encaro-a como uma autêntica reconquista portuguesa, mas dentro de um corpo que o tempo sistematicamente violou anos e anos sem se cansar.

Perdoa-me.

segunda-feira, 9 de março de 2009

três pontos roxos.

Virei a ampulheta, cinco vezes com dois segundos de intervalo entre si. Não é perfeccionismo, é organização e memoria. Iniciei o meu trabalho, contado pelo meu cronometro á antiga de sorriso viril no rosto e cabeça concentrada na tela á minha frente. Embora, por jeito meu, a incline ligeiramente para a direita de forma a uma visão centrada com migalhas da esgueira lateral. Como profissional, peguei na paleta com os três tons que antecipadamente escolhi, para na hora certa não haver perdas de tempo em pensamentos dispensáveis como a cor do dia. Era roxo, três rodelas de roxo. Do mais claro ténue, passando pelo médio orgulhoso e finalizando em escuro pecador. Demolhei o meu pincel, na primeira que me saltou á vista e iniciei(-me) no mundo do espaço em branco sempre pronto e prestável sem alarido ao ser pintado por algo que porventura poderá não ser de seu legitimo agrado. Foi roxo, porque roxo é a cor da mudança. É a cor da minha tela, é a cor do meu verniz e do azulejo do quarto de banho. É uma tela branca, que mudou, para roxa. Porque é cor de mudança, tal como o elástico velho que me prendia a trança em criança.

bilhete ida e volta.

Abri a porta, e acho que por segundos transitei de galáxia. Estavas na minha frente, com uma mala, a mesma mala que tão apressadamente arrumas-te antes de partires. Sorriste-me, e eu sem expressão encostei a cabeça á porta e fechei os olhos. Fechei-os por exaustão, pela ausência do espanto que deveria correr-me nas veias quando te visse e igualmente a ausência da felicidade salgada em todo o meu corpo. Estares à minha porta, significa o esperado: que queres, mais uma vez, voltar a trás. Mais uma vez, tentar unir as nossas vidas involuntárias. Voltas-te, como eu esperava. E agora, que queres ao certo que faça? .. Puxei-te a mala de rodinhas da mão, coloquei-a a custo em cima do sofá vermelho e com lágrimas raquíticas nos olhos subi as escadas para o nosso quarto. Já nem consigo chorar, tamanho o hábito. E neste pensamento conclusivo e fácil surgis-te tu, sentando-te ao meu lado na cama espaçosa. Recostaste-te no meu peito: «Ainda bate...» engolis-te em seco «...por mim?». Era uma resposta óbvia, e por isso mesmo queria abanar-te e sacudir-te a alma juvenil até perceberes que sim, e que isso nunca mudará. Mas não sou uma pessoa de explosões nervosas, já tive as suficientes quando sais-te de mim da primeira vez. Portanto, somente te beijei e o envolvimento levou ao amor físico.
De corpo nu, mal coberto com o lençol depois de mais uma prova que sou tudo aquilo que tu precisas... pergunto-me: quanto tempo, até a tua próxima ida (com regresso)?

domingo, 8 de março de 2009

i'm a little child with you.

- Estás amuadinha por te ter mandado estudar?
- Não, eu não amuo.
- Amuas. Só não dás é a entender ás pessoas e guardas tudo para ti (...)
- Talvez amue, mas é muitas muitas poucas vezes!
- Não, são muitas vezes.
- Sou grande, não tenho idade para amuos.
- Podes ser grande, mas tens a sensibilidade de uma menina de 6 anos.
- .. é mau, não é?
- Derrete-me. Mas é segredo
- Então eu não conto a ninguém, fica só entre nós.

sexta-feira, 6 de março de 2009

uma amiga.

Anotei cada pormenor do teu rosto no meu bloquinho de notas. Sublinhei por duas vezes os teus defeitos a olhos vistos, e as virtudes mais escondidas. Dediquei-me dias e semanas a estudá-los, sempre concentrada aos detalhes, para acrescentar á lista qualquer facto relevante. Decidi fazer um p.s, escrevendo a caneta que eras minha amiga de verdade. Porque isso era a única certeza que tinha, e por isso mesmo não necessitava de estar a lápis para mais tarde se fosse uma suspeita mal fundamentada, apagar. Não. Tu és realmente uma das melhores amigas que tenho e se espreguiça no colo do meu coração. Como um majestoso e elegante, cuidadoso e engraçado felino. Eu sabia que estavas a morrer. Eu sabia que amanha de manhã eu poderia ter a caixa de mensagens do telemóvel coberta de sms's do teu irmão, a dizer que precisava de falar comigo urgentemente, e pessoalmente. Julgando que eu não perceberia o motivo até ele me dizer a derradeira palavra. E o irónico, é que foi tal e qual assim, que tudo aconteceu. Agora, todos os dias leio o que ao longo das semanas finais eu escrevi, relembrando aquilo que realmente eras. Que é no fundo aquilo que todos nós somos e temos: amigos, com defeitos e virtudes. Que juntos fazem a composição química do amor, como aquele que serviu de raiz para agora existir esta saudade eterna que infelizmente não me será permitida ser saciada...

2012 - fim?



"(...) os Maias, que tinham um calendário mais preciso, mais complexo e muito mais holístico que o nosso, previram vários acontecimentos que entretanto se passaram (...) Este calendário Maia prevê que algo de muito grave se passará no solestício de Inverno, 21 de Dezembro de 2012. Tão grave será o acontecimento, que o mundo tal como o conhecemos desaparecerá. Isto não quer dizer que o mundo acabará, quer simplesmente dizer que um grande acontecimento transformará o mundo."

"Curioso no documentário foi eles relacionarem com outras profecias. Por exemplo, o muito antigo I Ching é um livro Chinês sobre concepções do mundo e filosofias de vida, que contém algumas previsões se utilizarmos a teoria “Time Wave Zero”. Usando esta técnica vê-se que o livro Chinês prevê que o mundo irá acabar a 21 de Dezembro de 2012."

"Outra pessoa mencionada foi Sibyl, uma profeta/oráculo em Roma - tal como a de Delphi na Grécia. Ela também previu correctamente vários acontecimentos, entre os quais o fim do mundo para mais ou menos a mesma data que os anteriores."


Isto tudo, incluindo a possível extinção de 90% dos seres vivos. E porquê? As tempestades no sol começarão a ser mais frequentes, o vulcão Yellowstone vai explodir para além do começo da movimentação dos pólos; tudo isto levará aos valores do escudo magnético da terra ficarem a zeros. O que fará com que as radiações das explosões no sol atinjam o planeta Terra. (baseado na introdução do livro "2012 a profecia Maia" de Alberto Beuttenmüller)

excertos retirados daqui.

quinta-feira, 5 de março de 2009

M de morte.

enterrem-me viva, no mais apertado caixão que existir. para assim sufocar rápido e friamente, sem haver sequer tempo para arrependimentos ou o sentimento de pena de mim própria surgir no coração que embalado morre. talvez só assim conseguirei adormecer pesadamente, como o meu corpo solitário necessita. dormir e sonhar que nunca mais volta a acordar, e na sequência desse sonho rosto algum próximo surja para não assustar. quero sentir os músculos latejarem de rendimento e exaustão mórbida, quero ouvir lá no fundo a mais triste melodia que o anoitecer gelado e calculista tem para me surpreender. quero corvos selvagens a espezinharem a terra por cima de mim, que faz peso e a madeira barata do caixão estalar. como se fosse desmoronar, e o meu interior fosse somente composto por terra e todos os bichos asquerosos habitados no solo seco. somente exijo rapidez e eficácia quando chegar ao momento da "transição" das leis da física, pois a dor conheci eu toda a minha vida.

novamente.

Desci calmamente a escadaria, mal escutei 'coisas' embaterem no soalho no hall do andar de baixo. Encostei-me á ombreira da porta, atrás de ti, para assistir novamente aquela cena. Estavas mais uma vez de malas feitas, com a porta da rua aberta, mostrando-te convicto e decidido dessa tua determinação, mas por dentro... qualquer ser racional ou não viria o que te custa ires, mais uma vez. «Sim...» pensei para mim, «...é só mais uma vez, no meio das tantas que já partis-te em busca da felicidade impossível que julgas existir». Pelo canto do olho viste-me, com o coração descontraidamente partido, como diria a minha avó: o habito faz a rotina. Aproximaste-te para um "último beijo", mas neguei-to. Afaguei-te a cara barbeada e num gesto leve empurrei-te «queres ir vai...» murmurei; e voltei a subir as escadas, para o (nosso) ninho ainda sem crias. Ainda somos muito jovens, e por isso mesmo te deixo mais uma vez partir. Porque eu sei que voltas. Porque durando mais ou menos tempo, tu voltas sempre
para o lugar onde és realmente feliz.

quarta-feira, 4 de março de 2009

épocas.

Cena 10
2º acto: "Monologo de Amélia"
Amélia entra no salão vazio...
Amélia - Foram algumas as noites passadas em claro a pensar sobre tudo isto. Mas porventura as minhas conclusões foram achadas. os tempos de hoje são beneficentes ás mulheres. Porque se formos consoante o proverbio de que "o fruto proibido é o mais apetecido", e se o que move realmente os homens é o desejo carnal e o presente espera o corpo duma mulher tapado... logo nos levará somente ao aumento da curiosidade de descoberta, á sede de satisfazer tais pensamentos levianos. (pausa) Então, se os nossos apelos carnais estão cobertos pelas vestimentas que a sociedade actual exige, o critério que nos avalia é a beleza do rosto, não é assim? É toda a estrutura, contornos, delineações e texturas das faces brancas que Deus nos abençoou de tão bonitas serem. Ou será que minto? (pausa curta) Não, não me parece. Tendo em conta que todas nós somos arrojadas e nos aperaltamos para tal. A mulher é bonita sim. E é isso que nos dá marido e por sequência o apetite pela nossa carne feminina. E não as suas dimensões salientes ou exactamente o contrario. (pausa) O que me faz crer que quanto mais novas formos mais pretendentes a um pedaço de pele descoberto teremos. Ou não é a deliciosa realidade de que a juventude nos dá a luz ao rosto e todo o esplendoroso deslumbre? Ao contrario do passar da idade em que a pele é amaldiçoada pelas rugas velhas e um desgaste inevitável...

Amélia olha-se de alto abaixo no espelho, sorri e sai.
Fim de cena

D'um detalhe continua a ofereçer...


O prémio "Olha que blog Maneiro" para:
- o Blog «e tudo o bento levou», do Bento.
- o Blog «holy smokes», da Filipa.
- o Blog «eish», da MG.
- o Blog «pseudo segredo», da Ana.
Parabéns.
MafaldaMacedo
(a autora)

segunda-feira, 2 de março de 2009

meu garoto, não faças essa asneira.

Sabes o que é que realmente magoa?
é ver-te deixar afundar nessas tuas personagens e ideias lunáticas que provocas na cabeça. é poder e fazer algo e tu não quereres uma mão e sim o braço todo. é dar o melhor de mim a alguém que tanto me tem magoado, e não dares valor a isso.

o problema é que ainda não percebes-te que não havia necessidade de haver uma «vítima» nesta historia. e tu transformas-te uma historia de dois personagens e nenhuma vitima, numa historia em que os dois personagens são vitimas uma da outra.

sabes aqueles brinquedos das feiras populares, a Piscina de Bolinhas? sabes quando os miúdos brincam e se escondem dentro de todo aquelas infinitas bolinhas coloridas e deixa-mos de lhes ver sequer o nariz? tu és um miúdo, e duma dúzia de bolas-problemas... tu fizeste uma piscina inteira.
eu e tu juntos tinha-mos força de te tirar de lá, mas tu sem notares começas-te a puxar-me a perna e eu cada vez mais me enterro contigo nesse (teu) mar de problemas e preocupações que podiam ter sido evitados.

ensinei-te a sonhar, incentivei-te a lutares pelo que queres. então usa isso para seguir em frente, e não para de cansaço da brincadeira deixares o miúdo adormecer no fundo da piscina, e asfixiar com a falta de oxigénio que as bolinhas provocaram com o tempo em cima dele.

D'um detalhe mais uma vez desafia...

"O Desafio da Sexta Foto."
Este meme foi-me entregue por Retalhos, e consiste no seguinte: «ir à sua pasta de fotos no seu computador e procurar a sexta foto, publicá-la e descrevê-la. Depois é só passar para seis blogs.»
então aqui vai a minha sexta fotografia:

Tirei-a no meu adorado Chiado (em Lisboa), quando fui passear por lá com uma amiga e a maquina fotografia como de costume também foi como companhia. É um daqueles mágicos de rua, inglês e muito simpático. Pois, mais tarde, quando reparou que o estava a fotografar até pousou para a câmara. Fiz uns arranjos e efeitos com o photoshop como já se começa a tornar um hábito meu. A fotografia é outra grande paixão para mim, e por isso mesmo tenha optado por ir procurar a minha sexta fotografia na pasta dos trabalhos fotográficos.

E o D'um detalhe vai desafiar os blogs: Crazy, Expressividades, , Mãos no fogo, Melodias do Coração, Amor Platónico.

Quero ver essas sextas fotos todas!